segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Concreto translúcido

Criado em 2001, na Hungria, o concreto translúcido começa a ser testado no Brasil. Dois centros de pesquisa já conseguiram desenvolver o material no país. Um é o Laboratório de Materiais de Construção da Universidade Estadual Vale do Acaraú, em Sobral, no Ceará, e o outro é o Laboratório de Tecnologia da Construção da Univates (Universidade do Vale do Taquari), em Lajeado, no Rio Grande do Sul. O objetivo dos pesquisadores brasileiros é conseguir reduzir o custo de fabricação do concreto translúcido, para que ele ganhe mercado.

Na Concrete Show, evento realizado em agosto em São Paulo, o material húngaro foi anunciado com o preço de R$ 2.400 o metro cúbico. Comparado com o preço do concreto convencional, que no Brasil é vendido a um custo médio de R$ 300 o metro cúbico, o translúcido importado chega a ser 900% mais caro.

Fôrma usada para a fabricação do bloco de concreto translúcido: fibra óptica com concreto autoadensável

Fôrma usada para a fabricação do bloco de concreto translúcido: fibra óptica com concreto autoadensável

No entanto, na Univates, os pesquisadores conseguiram fabricar blocos de concreto translúcido, que medem 29×19x9 centímetros, a um custo de R$ 80. Para o mercado – incluído impostos e frete -, o professor Bernardo Fonseca Tutikian, que coordena as pesquisas na universidade, estima que o bloco do material custaria R$ 200. “Por enquanto, a utilização dele é apenas estética, mas o avanço das pesquisas pode barateá-lo e ampliar seu uso”, afirma Tutikian.

O valor alto do concreto translúcido se deve ao fato de que ele utiliza fibras ópticas misturadas com concreto autoadensável. São as fibras que garantem luminosidade e transparência ao material. “A opção pelo autoadensável é que ele é uma categoria de concreto que pode ser moldado em fôrmas, preenchendo cada espaço vazio através exclusivamente de seu peso próprio, não necessitando de qualquer tecnologia de compactação ou vibração externa”, explica Bernardo Fonseca Tutikian.

Após a colocação do concreto na fôrma, ele precisa de um tempo de cura e de repouso em água para ficar pronto

Após a colocação do concreto na fôrma, ele precisa de um tempo de cura e de repouso em água para ficar pronto

O processo de fabricação do concreto translúcido é relativamente simples e sua resistência é igual à do concreto comum. São inseridas fibras ópticas no interior de uma fôrma e então o bloco é concretado. Em seguida, ele passa por um processo de cura e é submerso em água. Na Univates, a fabricação de cada bloco durou cerca de três dias. Na Universidade Estadual Vale do Acaraú o tempo foi de dois dias, em função das temperaturas mais elevadas no Ceará. A diferença do processo brasileiro para o húngaro é que no país europeu ela já está sendo produzido industrialmente.

Bloco de concreto translúcido da Univates: resistência igual ao do concreto comum, mas com luminosidade

Bloco de concreto translúcido da Univates: resistência igual ao do concreto comum, mas com luminosidade

Se vier a ser fabricado em larga escala no Brasil, o concreto translúcido pode ser utilizado em obras de trânsito e de segurança pública. Em Estolcomo, por exemplo, o material já foi aplicado em quebra-molas. Dentro de cada bloco de concreto translúcido foram colocadas leds (lâmpadas com baixo consumo de energia e alta durabilidade), que acendem ao escurecer e servem de alerta para os motoristas.

Em Canoas, no Rio Grande do Sul, onde está em construção um presídio modelo, está em estudo a construção de uma cela experimental com concreto translúcido. “A ideia é conseguir iluminar as celas dos presos, sem usar interruptor, pois o preso quebra as lâmpadas e as utiliza como arma. É uma forma de iluminar a cela sem a possibilidade de o preso quebrar o material”, afirma Tutikian.

Sob o ponto de vista estético, o concreto translúcido é cada vez mais utilizado em obras comerciais no Japão e na Europa. A razão é que ele permite projetar detalhes diferenciados para fachadas, destacando logotipos de empresas e iluminação de ambientes, dispensando o uso de lâmpadas. “Com o avanço das pesquisas, no futuro ele vai chegar às residências”, avalia o professor Francisco Carvalho, que coordena as pesquisas na Universidade Estadual Vale do Acaraú.


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